Vem aí mais um produto Apple: será que é o golpe contra a TV?

Por Pedro Doria


Na próxima quarta-feira, Steve Jobs anunciará mais um produto à imprensa. Depois do iPad e do iPhone 4, é a vez da AppleTV ser renovada. Mas, por enquanto, só há rumores.
Rebatizada iTV, custaria US$ 99 – menos de R$ 200 – lá. Nos vazamentos sempre calculados à imprensa, a tentativa é de não inflar muito o anúncio. Jobs, disse uma fonte à BusinessWeek, não acredita que a caixa será um grande sucesso. As negociações com as redes de TV não vão bem, o que pode atrapalhar tudo.
Mas parece que não é só isso.
Segundo Kevin Rose, fundador do Digg.com e autor de um blog sobre os bastidores da tecnologia, a iTV terá um ambiente para apps exatamente como iPhone, iPod Touch e iPad.
Aqui no Brasil, a loja iTunes é pobre, só tem aplicativos. Nos EUA é completamente diferente, um desbunde. Há música de tudo quanto é tipo que dá para comprar com um clique de mouse por quase nada. É possível comprar temporadas completas de séries de TV em HD sem precisar de Blu-ray. Ou só episódios eventuais. Permite ouvir podcasts ou assistir videocasts gratuitos na TV da sala. Todo o telejornalismo americano está disponível gratuitamente. Para alugar um filme de lançamento basta um clique – sem a viagem à locadora.
Por conta do iPad, jornais, revistas e editoras já estão dedicados a explorar os potenciais dos aplicativos. Há novas possibilidades de diagramação e interação no mundo digital e, principalmente, a chance de cobrar pelo conteúdo.
E se o mesmo ocorresse com a TV? Não é difícil imaginar como ocorreria. O HD conecta-se à TV e pode ser operado por controle remoto, iPad, iPhone ou iPod. Da internet, baixam-se aplicativos: um programinha da HBO, outro da Fox, um terceiro da FIA, dedicado à Fórmula 1. Pelo app da HBO escolhemos a série que queremos assistir, talvez o filme. Mas o estúdio também oferece, sem intermediários, seus filmes ao espectador. A corrida de domingo vai ao vivo.
O resultado é uma mudança profunda no negócio – ou melhor, negócios. Mídia são três negócios que se confundem. Um é produção de conteúdo, outro é empacotamento de conteúdo e o terceiro, distribuição. O estúdio de cinema produz e vende o que faz. Um canal de TV dedicado apenas a filmes compra, empacota numa determinada ordem, revende o pacote. Operadoras de TV a cabo levam o sinal até nossas casas e, por dinheiro, nos repassam canais.
O negócio da app pode pular o empacotador e o distribuidor. Quem produz conteúdo ganha mais dinheiro, os intermediários desaparecem.
Operadoras de telecomunicações se desesperam com este cenário. Afinal, elas vendem ‘conteúdo agregado’ a seus cabos para aumentar o lucro. Se começarmos a pagar pela banda larga mas usarmos Skypes da vida para as conversas e um app para os filmes sem pagar telefone ou assinatura de TV, os lucros saem pelo ralo.
É esta a discussão por trás da neutralidade da rede. Se, por um lado, deixam de faturar vendendo TV a cabo, por outro começam a cobrar por usos diferentes da internet. Quem usa a rede para vídeo desembolsaria mais do que quem só procura texto na web. É por isso que as empresas de telecomunicações querem mudar a maneira de cobrar pela banda larga. Se vai colar? Aí está uma pergunta ainda por ser respondida.
Nada aconteceu ainda. Mas tudo está mudando muito rápido.

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